Nada melhor em ano de eleições do que reunir numa universidade os líderes de duas juventudes partidárias para entender o que os junta, o que os separa e que ideias as suas organizações pretendem por em prática para melhor a vida daqueles que eles dizem representar.
Foi isso que Pedro Folgado, militante da JSD procurou fazer com o debate de ontem no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas.Convidou para isso o Presidente da JS FAUL, Pedro Pinto, e o seu congénere da JSD, Paulo Pereira.
Se dúvidas houvessem entre a diferença entre as duas organizações, desde logo ficaram provadas com a entrada na sala. Os membros da JS dirigiram-se inatamente para a esquerda, e os da JSD para a direita. No meio, ficaram os conjuntos de estudantes que, se calhar estando indecisos, escutaram atentamente as intervenções.
O tema do debate não poderia ter sido mais actual: Políticas de Juventude para Lisboa.
Sim, porque, feitas bem as contas, nos últimos 8 anos a autarquia contou com 6 anos de governo de direita e dois com a presidência do camarada António Costa. Era esta herança, que ainda está bem viva na memória de todos, que serviria como ponto de comparação e como ponto de partida para a discussão.
Começou o líder da JSD, que se terá esquecido do ponto anteriormente referido, ou seja, que o PSD também esteve na câmara e que apresentou diversas medidas que tinham sido tomadas nestes últimos dois anos e que, na sua opinião, só pecavam por escassas porque faltava ainda muito por fazer. Na altura terá ficado por dizer a Paulo Pereira que é precisamente por isso, para continuar o trabalho que António Costa se recandidata e que as lâmpadas dos semáforos que ainda não foram mudadas para leads o serão, com toda a certeza dentro dos próximos três ou quatro anos.
Continuou indicando que é necessário criar melhores vias de comunicação, melhorar o transporte público, aumentar a rede do pré-escolar e continuar a recuperação do Parque Escolar, promover o emprego: ora, são algumas das metas também já traçadas por António Costa para os próximos quatro anos, o que leva a pensar se, eventualmente, o voto do líder da JSD estará por decidir….
Bem que queria tentar escrever qualquer coisa imparcial mas este também não é o local para isso: ao líder da JSD faltou memória, faltou falar que Pedro Santana Lopes já foi Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, que saiu e que voltou, que deixou a câmara numa trapalhada e que agora, como tem andado por aí distraído, procura voltar à cidade como se nada fosse, talvez como um novo rosto que vai trazer novas políticas. Não! Pedro Santana Lopes já tomou as suas opções, já fez as suas políticas e, por muito que tente ignorar, também o mandato dele vai ser sujeito a avaliação por parte dos Lisboetas que, por decisão do PSD, nunca tiveram oportunidade de se pronunciar sobre o seu trabalho.
Pedro Pinto, falou sobre o que foi feito nestes dois anos em Lisboa que, não sendo ainda suficiente, já foi mais do que a cidade vinha a assistir nos últimos anos: recuperação do parque escolar “era o pior do país, é necessário recuperá-lo”; aposta na educação “é na educação que se começam a esbater as desigualdades, garantido condições para todos terem um futuro melhor” e no combate às desigualdades sociais “o Magalhães deu a todos os meninos uma ideia que são iguais”; habitação social “só agora foi divulgado que o prédio da EPUL na Avenida das Forças Armadas está parado mas que já está a ser pago pelos seus futuros proprietários”.
Deixou para o fim, a temática do orçamento participativo, que foi sempre alvo de troça por parte do PSD, que considerava impossível de realizar na maior câmara do país. Ora, se em um ano, António Costa já conseguiu tomar medidas consideradas de impossíveis, o que poderá ele fazer em quatro?
Inevitavelmente, a posição do PSD quanto à criação do Concelho Municipal da Juventude no concelho de Lisboa acabou por ser tocada, tendo Paulo Pereira tido algumas (e legítimas) dificuldades em explicar a posição de rejeição ( querem fazer um adiamento ad aeternum) do seu partido quanto a um órgão que vai dar aos jovens uma participação mais activa e efectiva nas suas cidades.
A chave da sua intervenção acabou por ser o seu domínio do que se estava a fazer e o seu esclarecimento sobre o que pretendia que fosse feito. Trata-se de dominar os dossiers e utilizar a sua posição enquanto membro da Assembleia Municipal de Lisboa como meio de atingir o fim de por as suas ideias, e as da Juventude Socialista em prática.
No período de perguntas e respostas verificou-se uma situação caricata: os membros da JS faziam perguntas ao líder da JSD e os da JSD ao Presidente da FAUL.
Porque estas trocas de ideias são sempre positivas, apresento aqui uma dica que foi transmitida: sobre aparentes dificuldades em, vindo de Loures, chegar ao ISCSP, por ventura uma auto- justificação para ter que todos os dias levar o carro, concluiu-se que do Campo Grande basta apanhar o metro para o Marquês de Pombal para apanhar o autocarro para o Alto da Ajuda. Pena que o líder da JSD não tenha tido grandes ideias como ajudar aqueles que se queixaram do preço e dos maus serviços das companhias de autocarros que actuam em Sintra e em Cascais.
Para terminar quero deixar uma palavra de agradecimento ao moderador, Pedro Folgado que, procurando ser o mais imparcial que podia, fez o seu papel com toda a isenção e competência.
Talvez se possa, semestral ou anualmente, repetir este tipo de iniciativas para que todos possam ter oportunidade de entender que há diferenças entre os dois partidos e que o futuro das nossas cidades e do nosso país tem que passar obrigatoriamente por gestões do Partido Socialista.
RM
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