segunda-feira, 11 de maio de 2009

OS NOVOS MANDARINS

Sei que terá pouco a ver com o campo de actuação da JS FAUL, todavia tratando-se de algo que pode interessar a muitos, não quero deixar de abordar este tema.....

Como é que o Partido Comunista Português pode falar em ser um partido democrático e do povo quando todos conhecemos o que acontece quando eles chegam ao poder: criam tentáculos que garantem que não irão sair de lá sem um levantamento popular. Rapidamente tomam conta das forças policiais e do exército que cultivam com toda a veneração, transformando-os num bando de lacaios ao seu serviço. E depois reservam o melhor da economia para os seus escolhidos.
Quero aqui falar do exemplo chinês: em 1989 o exército de libertação popular (que nome curioso!) garantiu a sobrevivência do opressivo regime de Pequim com a invasão da praça de Tiananmen, nome que ainda hoje é sinónimo de resistência.
Se facilmente poderemos discutir a questão sobre a falta de convergência política e de ideias concretas dos manifestantes, estaríamos a focar uma questão completamente secundária.
Para saber mais sobre o que realmente se passou, recomendo uma vista de olhos ao livro Tiananmen Papers do Professor Andrew J. Nathan. Mostra como foram os anciãos do partido que tomarão em si a decisão de dispersar os manifestantes com exército para manter o seu poder.
Mas, também curioso é saber o que se passou a seguir. Deng Xiaoping, o líder de facto do regime chinês, foi buscar o secretário do Partido em Shangai, Jiang Zemin, para ser o novo líder. Fez dele assim o rosto da terceira geração do PCC, que havia começado com Mao Zedong e continuado com o próprio Deng. Mas, e com muito mais subtileza, acabou por promover o jovem secretário do Partido do Tibete, um tal de Hu Jintao que logo em 1989 foi apontado como o futuro líder do partido. Hu acabou por assumir a liderança do partido e do país em 2002 e tornou-se o rosto da quarta geração.
Mas como o PCC só quer eternizar-se no poder e, para evitar problemas de maior, já foi identificado, em 2002, o homem que iria suceder a Hu Jintao e tornar-se um dos rostos da República Popular para os anos de 2012/2022: Xi Jinping é um filho de um antigo líder do partido, próximo de Deng e que tal como ele caiu em desgraça durante a revolução cultural. Será ele o rosto da Quinta Geração. Curiosamente, ou talvez não, também já se sabe quem será o sucessor do Primeiro Ministro Wen Jiabao: Li Keqiang.
É assim que, totalmente longe da decisão dos comuns chineses, se vai fazendo a política em Pequim tal como nos tempos dos imperadores.
A China vive num modelo organizacional leninista mas, ideologicamente é dominada por uma dicotomia partido/estado quase indivisível.

Será isto que alguns querem para o nosso país????

RM

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