Recomendo a leitura da crónica de Miguel Esteves Cardoso hoje no Público. Diz ele que o resultado das eleições deve ser medido pela mesma bitola que os graus de uma bebida alcoólica, na óptica de um bêbado.
Quer isto dizer que se o resultado for de 40 a 45º é motivo de celebração mas se for apenas de 31º, não sendo de deitar fora, também não é motivo para pensar que fomos arrasadores.
É assim que eu leio os resultados. O PS não ganhou, mas o voto foi mais de protesto (um cartão amarelo) pela governação do que pelas escolhas europeias. As sondagens garantiram sempre uma vitória com maior ou menor margem, que criou nos nossos apoiantes um espírito de vitória consumada que prejudicou a mobilização.
Sem o chamado “inimigo externo” (as políticas neo-liberais) bem vivo, como se provou que estava, o eleitorado preferiu alargar o seu leque de opções.
PCP e CDS-PP mantiveram os seus resultados, o que na sua óptica vai ser sempre positivo, mas não é sobre eles que acredito valha a pena escrever as linhas mais importantes.
O PSD, ainda à procura de um rumo, beneficiou muito da abstenção e talvez tenha conseguido atrair os eleitores do centro que não quiseram votar no PS. Vamos ver por quanto tempo pode o partido manter Paulo Rangel em Estrasburgo e deixar que as lutas internas o corroam. Inclusivé, o protagonismo do candidato já o colocou como pré-candidato a líder o que não caiu nada bem entre os seus pares que também aspiram a esse lugar (p.e. Pedro Passos Coelho, Rui Rio). A sua dinâmica de vitória tem de ser combatida no terreno.
O caso do Bloco de Esquerda parece ser o mais importante de analisar, nem tanto pela sua subida mas mais pelos votos que acabou por tirar ao Partido Socialista. E sem qualquer dúvida tirou-os à esquerda do PS, à faixa etária até aos 40 anos que procura uma resposta mais cabal para os seus problemas diários e que valoriza muitas das causas pelas quais hoje a JS dá a cara, como o casamento entre pessoas do mesmo sexo e a distribuição de preservativos nas escolas.
A chave das próximas legislativas passa por mobilizar o eleitorado de centro que não votou nestas eleições e garantir um maior protagonismo à Juventude Socialista para que possa ombrear com o BE o papel de rosto de novas políticas de esquerda, que influenciam a governação e que garantam um rosto às difíceis medidas que diariamente o governo tem de tomar para o desenvolvimento do país.
Blogs, facebook, mymov (entre outros) serão os meios mais priveligiados de conseguir chegar a essa faixa etária que utiliza durante longas horas o seu computador como meio de trabalho e de comunicação. O recenseamento automático é mais um motivo para dedicarmos mais atenção a difundir as nossas ideias on-line. As causas que defendemos tem que ser publicadas no facebook para chamar a atenção e conseguir mobilizar um novo tipo de eleitorado.
Os novos eleitores são a faixa etária decisiva que, quando devidamente informada e mobilizada vai ser a diferença entre uma maioria estável e os acordos ad-hoc que dificultam a tomada de decisões sem ter de olhar para o calendário eleitoral.
Só assim vamos conseguir continuar a levar Portugal no rumo do desenvolvimento e da justiça social para conseguir um futuro melhor. Só assim garantimos a vitória do NOSSO PS.
RM
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