Desviou cem mil euros da freguesia do Beato
por SÓNIA SIMÕES
A PJ concluiu a investigação a um contabilista suspeito de desvio de dinheiro e falsificação de documentos. O actual presidente da junta de freguesia ainda não conseguiu saldar todas a dívidas que o funcionário contraiu.
Um contabilista que trabalhou mais de 25 anos ao serviço da Junta de Freguesia do Beato, Lisboa, poderá vir a ser acusado do desvio de cem mil euros em dinheiro e falsificação de documentos.
Segundo a investigação da Unidade Nacional de Combate à Corrupção da PJ, entregue esta semana ao Ministério Público, o funcionário ter-se-á apropriado de, pelo menos, cem mil euros entre 2003 e 2005. O suspeito foi descoberto pelo presidente da junta, Hugo Xambre Pereira, que assim que tomou posse ordenou uma auditoria às contas da junta.
"Confrontei-me com uma dívida de 80 mil euros à Caixa Geral de Aposentações, dez mil à ADSE e 110 mil às Finanças. Paralelamente, uma funcionária quis aposentar-se e não podia por causa da dívida", disse ontem o autarca ao DN. Fonte da PJ explicou que, desde a queixa apresentada pelo novo presidente, foram analisados "milhares de documentos" que terão sido falsificados.
"Como as juntas de freguesia do País lidam com pouco dinheiro em numerário, o funcionário falsificava os documentos relativos aos pagamentos ao Estado e apropriava-se ilicitamente dos valores", disse a fonte. A PJ acredita que o suspeito, a trabalhar na junta desde 1994, possa ter-se apoderado de mais quantias, mas "era impossível e impraticável analisar tantos documentos em tempo útil".
O actual presidente da junta conta com um prejuízo de, pelo menos, 200 mil euros - por causa dos juros. Nos quase quatro anos de mandato tentou pagar a dívida. "Está quase tudo pago, mas não pude investir numa série de outras coisas por causa disto. E tivemos de pagar nós a aposentação da funcionária, até estar tudo saldado", explicou.
Meses após formalizar a queixa, Hugo Xambre Pereira despediu o funcionário, de cerca de 50 anos, que assumiu o que fez - embora dissesse que não o fazia escondido, insinuando o conluio de alguém. O contabilista ainda avançou com uma queixa ao tribunal e a junta de freguesia viu-se sentada no banco dos réus, acusado de despedimento sem justa causa. "A sentença deu-nos razão", diz o presidente.
Só agora a PJ conseguiu acabar o relatório da investigação sugerindo que o suspeito seja acusado de peculato (desvio de dinheiro) e falsificação de documento. O dinheiro desviado terá sido aplicado na compra de bens, como carros.
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